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Investigadores portugueses e espanhóis ‘reinterpretam’ um clássico dos dinossauros saurópodes ibéricos.

Apesar de ser uma das primeiras espécies de dinossáurios a ser descrita em Portugal, a classificação do saurópode Lourinhasaurus foi controvertida nos últimos anos. Descoberto em 1949 é uma referência habitual na literatura de saurópodes europeus desde da sua publicação nos anos 50. Recentemente, uma equipe de paleontólogos portugueses e espanhóis, na qual participa a Sociedade de História Natural (Torres Vedras), revisaram os fósseis de Lourinhasaurus alenquerensis depositados no Museu Geológico de Lisboa.

Desde a década de 50, o grande fémur Lourinhasaurus exposto nas vistosas salas do Museu Geológico recebeu milhares de visitantes, mas até hoje, nem o público nem os investigadores tinham uma ideia clara sobre a que grupo de saurópodes pertencia este exemplar encontrado em 1949 na jazida de Moinho de Carmo em Alenquer (Portugal) e estudado por Albert de Lapparent y George Zbyszewski em 1957.

 

Uma equipa de investigadores portugueses e espanhóis, de que forma parte a Sociedade de História Natural (Torres Vedras) e a Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), realizaram uma exaustiva revisão dos restos de Lourinhasaurus alenquerensis e concluíram que este dinossáurio é um representante europeu do mesmo grupo que o conhecido dinossáurio Norte-americano Camarasaurus. “O saurópode Lourinhasaurus, encontrado em Alenquer, é um dos dinossáurios clássicos do registo fóssil europeu, e para ele foram propostas classificações bastante divergentes, chegando a um ponto de que não sabíamos qual a sua verdadeira posição filogenética, isto é, a sua relação de parentesco com os demais dinossáurios saurópodes. Esta situação é problemática na hora edificarmos as nossas interpretações paleobiogeográficas” refere o português Pedro Mocho, autor principal do estudo publicado na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society e membro da Sociedade de História Natural e da Universidad Autónoma de Madrid.Este dinossáurio habitava a Península no Jurássico Superior, há uns 150 milhões de anos. Com aspecto de um saurópode típico: pescoço e cauda comprida, cabeça pequena e quatro patas robustas, poderiam chegar a pesar 10 toneladas e medir 15 metros, um físico muito parecido aos famosos Diplodocus ou Brachiosaurus.Revisão Sistemática. Os investigadores da Sociedade de História Natural e da UNED, que contaram com a colaboração do especialista Rafael Royo-Torres da Fundación Conjunto Paleontológico de Teruel-Dinópolis, revisaram em profundidade todos os elementos que se extraíram na escavação de Moinho do Carmo e que hoje se encontram depositados no Museu Geológico de Lisboa. “Estes restos são muito numerosos, constituindo um dos saurópodes mais completos da Europa” refere Rafael Royo-Torres. Esta revisão permitiu reinterpretar alguns dos seus elementos ósseos e perceber assim a sua posição filogenética.

 

“O mais interessante é poder encontrar hoje em dia, uma série de restos de Lourinhasaurus nunca antes descritos nas extensas colecções do Museu Geológico, em Lisboa. Várias semanas foram necessários para rever todas as caixas com restos de Lourinhasaurus e que hoje podemos revelar à comunidade científica. As colecções do Museu Geológico continuam a ser uma mina de conhecimento a explorar por todos nós”, considera Pedro Mocho.

 

“O exemplar foi descrito nos anos 50 com o nome Apatosaurus alenquerensis (um diplodocídeo). Em 1998 publicámos uma revisão prévia e percebemos que não pertencia ao género Norte-americano Apatosaurus e estabelecemos um novo género com o nome Lourinhasaurus” explica Francisco Ortega, investigador do Grupo de Biología Evolutiva da UNED e da Sociedade de História Natural, e um dos autores da sua identificação. “Desde então alguns autores sugeriam a possibilidade de ser um camarasaurídeo europeu mas sem realizar uma detalhada revisão sistemática”.As jazidas de vertebrados fósseis da costa central portuguesa são uma peça chave para a interpretação dos ecossistemas peninsulares durante Jurássico Superior. A estreita relação de Lourinhasaurus com o género Norte-americano Camarasaurus continua a somar informação sobre o processo de separação da Europa e a América do Norte e a abertura no oceano Atlântico Norte durante Jurássico Superior.

 

 

 

Referencia bibliográfica: Pedro Mocho, Rafael Royo-Torres e Francisco Ortega. “Phylogeneticre assessment of Lourinhasaurus alenquerensis, a basal Macronaria (Sauropoda) from the Upper Jurassic of Portugal”, Zoological Journal of the Linnean Society, 2014. DOI: 10.1111/zoj.12113.

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